Princípios: Construa sua casa sobre a rocha

Existe muita sabedoria disponível. Imagine o quanto de conhecimento a humanidade não já criou ao longo de milênios de história. Podemos encontrar bons ensinamentos universais em textos da bíblia, do alcorão ou no talmude, bem como na filosofia grega, mas também nas leis romanas e nas sábias palavras dos mestres chineses, como Confúcio. Existem os provérbios africanos, a sabedoria popular brasileira, os romances russos, o realismo fantástico latino-americano, o pragmatismo americano, o método alemão, a precisão japonesa, a poesia francesa, o racionalismo inglês, as meditações indianas, as aventuras portuguesas, ou seja, por onde e para quando olharmos haveremos de encontrar algo que no ensine. 

Então, abra sua mente, não se limite a uma área do conhecimento. Os melhores técnicos que conheci eram os que tinham boas habilidades interpessoais e os melhores humanistas também eram bons vendedores. A genialidade científica diminui quando não se pensa nas pessoas que podem ser impactadas pelas novas invenções, assim como a filosofia se perde quando não se consegue transmiti-la, pois o que seria comunicar bem uma mensagem senão “vender” um ponto de vista.

Nessas leituras, conversas e observações, você perceberá que alguns ensinamentos começam a se repetir, em tempos e palavras diferentes, mas a essência é a mesma. Essas inferências reiteradas do saber são como os minúsculos grãos de areia que vão sedimentando com o tempo até formarem uma montanha colossal. Esse conhecimento consolidado de jaez universal é o que chamo de princípio. Bons princípios ajudam-nos a fincar os pés no chão, mas não de uma forma inerte, e sim no sentido de termos um alicerce que serve de base para alcançarmos o nosso propósito. 

Não acho que princípios são belos aforismos a serem decorados e usadas como adornos sobre a pele. Para mim é alimento, que precisa ser digerido e transformado em energia, sustância para a vida. Precisa ser adaptado e estar concatenado com a nossa realidade. 

Novamente, vou tentar ilustrar melhor através de alguns exemplos.  

Só sei que nada sei, Sócrates. É incrível como esse paradoxo é impulsionante, pois força o ser humano a uma busca contínua por conhecimento. Se um dia admitirmos que já sabemos de tudo, paramos de aprender e é quando paramos de aprender que começamos a envelhecer e definhar de verdade. O jovem que não quer mais aprender já um velho e um homem de 100 anos que ainda se vislumbra com uma novidade, nunca será velho. 

Esse pensamento é tão poderoso que nos leva a quebrar dogmas e pré-conceitos e podem ter influência gigantesca não apenas nos indivíduos, mas em empresas, cidades, países e mesmo na história da humanidade. Quer ver? Vamos lembrar de Colombo. Em algum momento, um navegador Genovês acreditou que a terra era redonda, logo o melhor caminho para as Índias seria navegar rumo ao oeste, o que seria, para a grande maioria das pessoas àquela época, dirigir-se ao fim do mundo. Pois é, essa descrença de que o conhecimento comum ao seu tempo era suficiente, fez com que Colombo seguisse sua aventura e mudasse para sempre a história da humanidade. Aquele impulso rumo ao novo permitiu que uma parte do mundo encontrasse outra e mudou toda nossa história. Curiosamente, do outro lado, na China, que em período similar encontrava-se em situação mais avançada do que o ocidente, decidiu abortar os seus planos de exploração além-mar por acreditar de certa forma que o mundo era a própria China e seu entorno imediato, logo não sobraria nada muito interessante para vasculhar ou aprender lá fora. Séculos mais tarde essas estratégias tiver.

m consequências bem diferentes na evolução desses dois hemisférios do mundo, onde o ocidente acabou por emergir como epicentro dos grandes desenvolvimentos mundiais. 

Em conclusão, você só vai encontrar algo novo se reconhecer que existe algo que você ainda não conhece a ser encontrado e que aquilo você faz hoje pode sempre ser melhorado. Então, saber que não se sabe de tudo pode ser bastante motivador e acabará por leva-lo a novos horizontes.

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