Como me destacar na advocacia? Parte 1

Conheça as novas técnicas de visual law e jurimetria que vão dar um up na sua carreira

Não faz sentido olhar para trás e pensar: devia ter feito isso ou aquilo, devia ter estado lá. Isso não importa. Vamos inventar o amanhã e parar de nos preocupar com o passado.

 

Steve Jobs

 

Você já ficou em dúvida sobre a sua carreira? Parece que ela deu uma estacionada no tempo e não sai do canto? Você é daqueles que olha a grama do vizinho e sempre acha que ela está mais verde? Você tem dúvidas, muitas dúvidas, do tipo se fica, se vai, se segue, se para, se muda, se começa ou se encerra? Bem-vindo! Você é humano e faz parte de um grupo cada vez maior de pessoas que são inquietas, que questionam dogmas, que ficam desconfortáveis com a mesmice e que não se satisfazem com a média. 

 

Você é advogado ou advogada que já tem alguns ou vários anos de formado(a), que já deu uma testada boa na profissão, mas que ainda não está satisfeito(a) e quer chegar mais longe na advocacia? Este artigo foi escrito pensando em você. Muitos vão dizer que a carreira jurídica é conservadora, que você precisa ter “berço”, que o que vale é o direito dos “conhecidos” e não do “conhecimento” e por aí vai. Se você acredita nisso, terei pouco a acrescentar, pois de verdade, não vejo dessa forma. Se acreditarmos que todos os jogos são de cartas marcadas, por que então se dar o trabalho de começar!? Essa visão maniqueísta é extremamente limitadora, consome forças e energias no canto errado, faz a gente ficar rabugento, sempre culpando o escritório, a empresa, os clientes, o judiciário, os colegas, o chefe, o vizinho, o padeiro, o “sistema”, ou seja, como dizia Sartre: “o inferno são os outros”. Se você está nessa, minha recomendação é que saia e comece a observar que as coisas não são estáticas, que novas oportunidades surgem todos os dias, mas apenas para quem está preparado. 

 

O que você pode fazer então? Comece acreditando que não interessa aonde a sua carreira se encontra no momento, você é capaz de dar uma guinada. Se você não acreditar, não vai dar certo. Pode até parecer autoajuda, mas não há alternativa. Mudar, requer a quebra de uma inércia poderosa, assumir o risco do novo e seguir o desconhecido. A maioria não muda porque dá trabalho, fica naquela: “tá ruim, mas é isso mesmo, pelo menos já sei como é”. Então, se você está mais a fim de olhar para frente do que se questionar sobre o que já passou, continue lendo esse artigo, pois acredito que posso te auxiliar com algumas dicas e ideias interessantes.  

 

 Agora, de forma mais prática, vamos estabelecer algumas diretrizes. Em outro artigo, no qual me dirijo aos formandos e jovens juristas, escrevi sobre as 7 Iniciativas que você pode seguir para começar uma carreira jurídica transformadora (acesse aqui), são estas: 

 

1. Busque conteúdos de inovação jurídica.

 

2. Relacione esses conteúdos aos seus interesses pessoais

 

3. Especialize-se! 

 

4. Apareça. 

 

5. Tenha experiências. 

 

6. Compartilhe. 

 

7. Não pare. 

 

Agora, o foco são os colegas que já iniciaram a sua carreira e estão ali no meio, não sabendo bem “se casam ou compram uma bicicleta”. A conversa será um pouco diferente, apesar de complementar bastante as “sete iniciativas” para os jovens juristas. Então, não deixe de ler aquele conteúdo para que você tenha ainda mais ferramentas para te auxiliar na sua jornada de transformação jurídica. Já sei que você tem pouco tempo, as obrigações e rotinas já se estabeleceram, as contas se empilham e está com “prazo para cumprir”. Então, vamos reduzir o número de passos para 03. Três diretrizes para você seguir e decolar a sua carreira. Vamos lá: 

 

  1. Desafie-se. 

 

Imagine um desafio que você pode superar utilizando alguma inovação jurídica. Por que usar uma inovação? Porque dará maior significado ao seu desafio. Se você conseguir mais uma improcedência para o escritório será algo muito legal e merecedor de reconhecimento, mas ao mesmo tempo, acaba ficando dentro do esperado. O ponto é, se você alcança um resultado dentro da sua rotina já estabelecida, dificilmente será considerado pelos demais, e por você mesmo, como um grande desafio. Então, pense em algo que você não fez ainda, que não é regularmente realizado no seu ambiente de trabalho e traga essa ideia para dentro. 

 

Gosto muito de dois assuntos que estão muito em voga: Jurimetria e Visual Law. Escrevi alguns artigos específicos sobre o tema aqui e aqui. A Jurimetria te ajuda a estabelecer uma mentalidade Data Driven, ou seja, tomar decisões baseadas em dados e não em meros achismos. O Visual Law gera um impacto visual incrível e facilita a compreensão dos seus conteúdos jurídicos, como peças, contratos, pareceres, apresentações etc. 

 

Torne o seu desafio público. Não estou dizendo para sair publicando no Instagram, mas para levar o seu projeto para os sócios do escritório, sua gerência, diretoria jurídica, board da empresa, seu cliente, ou seja, para o público que você gostaria de impressionar através do seu desafio.

 

Seja coerente. Não comece pedindo budgets altos, consultorias complexas ou algo que vai te “emperrar” por conta de orçamentos limitados. Tenha muito claro quais insumos você vai precisar. Lembre-se que você já tem uma rotina a cumprir. Dificilmente você conseguirá um período sabático para pôr em prática suas ideias, ou seja, é mais provável que você tenha que se “virar nos 30” com o tempo que você tem. Isso significa que algum tempo extra você deverá dedicar ao seu planejamento e execução. Lembre-se, no final, você tem de ser capaz de cumprir o seu desafio sem depender tanto dos outros. A responsabilidade final é sua, é isso que torna o seu projeto desafiador. 

 

Não prometa o que você não conseguirá cumprir. Isso não significa que você não pode errar, mas evite entregas mirabolantes. Não existe “bala de prata” ou “botão mágico”. O que tem é muita dedicação, estudo e esforço. Então, projete um resultado, mas que seja possível. Uma forma de manter os pés no chão é segmentar entregas e resultados por etapas, ou seja, demonstre que a transformação é uma jornada e não um interruptor do tipo “on/off”.  É importante que os resultados almejados não sejam banais. Pense em algo novo, algo que a sua organização ainda não entrega. Pode ser um dashboard de gestão do contencioso onde você atua. Pode ser uma análise quantitativa dos julgados sobre uma determinada matéria. Pode ser uma auditoria e higienização de base. Pode ser o experimento de uma nova tecnologia ou uma peça com Visual Law. Pode ser um problema que não é seu diretamente, mas que impacta a organização. As pessoas gostam de mentes criativas. 

 

Pare de pensar “apenas” como advogado. Coloque-se no lugar do cliente, do gestor, do juiz, das partes etc. Pense com a cabeça de matemático, designer, consumidor, analista de mercado, cientista de dados. Expanda os seus conhecimentos para outras áreas além do direito. Todo conhecimento transformador tem uma composição interdisciplinar. Minha recomendação novamente vai para Jurimetria e Visual Law, pois os resultados são rápidos e palpáveis. Nesses casos, busque cursos e conteúdos em ciência de dados e design respectivamente. 

 

Convença. E faça isso com maestria. Não se acanhe. Agora, não é a hora de ficar quieto. Monte uma apresentação no Powerpoint ou algo do tipo (não sabe como fazer? Busque tutoriais no Youtube. Tem muito material gratuito e acessível sobre o tema). 

 

Dicas de ouro para apresentações de sucesso: 

 

Tempo de duração – Calcule aproximadamente 20-30 minutos de apresentação e 20 a 30 minutos para discussão. A proposta é que tudo fique dentro de até uma hora. Então, quando estiver preparado, peça uma hora para você apresentar a sua ideia ao grupo. 

 

Para uma apresentação de 30 minutos, não ultrapasse 20 slides. Pense em 2 minutos, na média, por slide. Evite cansar o público com slides com “textões” ou somente lê-los.
Combine, de forma cordial e antes de começar a apresentação, para que as dúvidas e discussões se concentrem no final, após o seu encerramento. Isso parece simples, mas é uma dica valiosa. Um dos maiores riscos que você corre é pegar uma pessoa mais crítica ou ansiosa no grupo que já comece a metralhar diversas perguntas sobre você. Com isso, tudo trava e pode pivotar para o mundo da lua. Evite esse tipo de situação a todo custo. 

 

Estrutura. Atenção para esse ponto! Crie uma estrutura lógica, fica aqui a dica de um formato básico que cai bem em praticamente todas as ocasiões: 

 

I. Capa (01 slide)

 

II. Sumário (01 slide)

 

III. Propósito e Introdução (01 slide)

 

IV. Dinâmica do projeto (01 a 02 slides) 

 

V. Insumos necessários (01 a 02 slides)

 

VI. Resultados esperados (01 a 02 slides)

 

VII. Justificativa do projeto (01 a 02 slides)

 

VIII. Indicadores e/ou referências que sustentam as justificativas (01 a 02 slides)

 

IX. Cronograma (01 slide)

 

X. Conclusão (01 slide) 

 

XI. Agradecimentos finais (01 slide)

 

Prepare-se. Quer conquistar algo novo, você precisa se preparar. Quer passar um projeto, você precisa convencer. Quer convencer, você precisa de argumentos e fatos. A maioria das pessoas estão dispostas a escutar ideias bem estruturadas com começo, meio e fim. O que a maioria das pessoas não gosta muito de escutar são justificativas para aquilo que não tá dando certo. Na maioria das vezes, você precisa conquistar esse espaço de fala. Faz parte. Está todo mundo envolvido nas suas próprias rotinas. Peça uma chance a quem você precisa, justifique o intuito, demonstre seu comprometimento e você será escutado. Se isso não ocorrer, caso você se depare com uma muralha para suas ideias, calcule o risco de escalar o seu projeto para um escalão mais alto. Se não vale a pena ou prefere não fazer, pense em mudar de organização. Se você acredita, e possui evidências que está sendo limitado, então talvez realmente seja hora de mudar. O importante é seguir em frente em sua jornada, só você pode fazer isso por si mesmo. Boa sorte!
Gostou? Quer conhecer as outras diretrizes para dar uma guinada na sua carreira, leia a segunda parte do artigo (Acesse Aqui).  A partir do desafio que você escolher, vamos construir um “Case de Sucesso” e Conquistar uma nova posição, de forma que você consiga realmente dar um up na sua jornada e se transformar em um profissional mais capaz, valorizado e, claro, ganhando mais!


 

Rui Caminha

 

Advogado, empreendedor digital, graduado pela Universidade de São Paulo, mestrando pela FGV-SP.

 

Fundador e CEO da Juristec+, Co-Fundador e Diretor do Villa | Visual Law Studio, professor de Visual Law, palestrante internacional com mais de 15 anos dedicados à inovação jurídica e pioneiro no desenvolvimento de tecnologias e soluções em jurimetria, ciência de dados jurídicos, IA aplicada ao direito, analytics e Visual Law. 

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